Doce Veneno (parte II)

22 de janeiro de 2010


Ainda o amo
Nunca parei de amá-lo
Apesar de me intoxicar com seu veneno
Inúmeras vezes causando inúmeros machucados
Sangramento, cicatrizes, magoa, dores, rancores, trauma.
Cheguei inclusive bem perto do precipício da morte ao misturar
Seu veneno com outros psicoativos do cotidiano como
Insegurança, medo e autodestruição em doses elevadas e extremamente perigosas

E mesmo depois disso tudo
Ainda procuro esse veneno
Feito sob medida pra mim
O veneno puro, no qual sua essência
nobre me causa extremo desejo.
Busco por ele
Para assim mais uma vez saciar meu vício
Apenas inalando quem sabe o odor malicioso
Dessa poção corrosiva ao meu coração

Mas que estupidez
Todos sabem que depois da primeira tragada não a mais volta
o desejo por ele continua
sendo assim para saciar meu vício
obrigo-me a adotar genéricos
que ao longo do tempo já não conseguem nem mesmo
provocar efeito paliativo em mim.

Não consigo obter o mesmo efeito daquele veneno puro
Minha heroína particular
Só consigo me sentir plenamente felizes com doses e overdoses daquela porcaria tóxica
E o mais curioso é que em mais ninguém tal substância conseguem atingir o mesmo efeito
I don't believe that anybody
feels the way I do about you now (8)

Sou uma drogada, viciada, indolente
Burra, feia, teimosa e autodestrutiva…
- É, eu sei!

Mas eu sei que não adianta negar
Eu não consigo controlar
Meus vícios, meus sentimentos

A dor da ausência chega a ser infinitamente
Pior do que a dor da intoxicação
Em todas as opções sempre haverá dor
Isso eu sei é inevitável
E eu, como sempre, acabo vomitando/jorrando
Sentimentos, palavras, vida, dores
Tudo isso em um papel estúpido e impotente.

Posso ficar anestesiada
Com o efeito de remédio
Para conter grandes períodos
Da minha abstinência
Ficar no “mode” automático, sem vida
Por meses, dias ou horas...
Ou posso sangrar jorrar e
Metralhar palavras, euforia, tensão, indigestão...
Gritando de dor, mas ao menos sentindo que estou viva.

E mesmo todos esses efeitos de abstinencia
não são piores
Do que ficar sem me drogar

Apesar de toda essa minha loucura
Existe é claro uma pontada inconsciente
De que em algum ponto ou dia
O veneno que eu produzo Seja capaz de
Neutralizar o veneno no qual sou/venha à me
torne viciada
E assim quem sabe formar um antídoto
Para minha dor.
Essa seria uma das minhas soluções utópicas
para todas essas drogas, para todo esse mundo.


Rafaela N Franco

4 Reações:

Unknown disse...

Ralfs mandando bem. Parabéns tô gostando de ver.

;D

Rafaela N. A. Monteiro Franco disse...

valeu prof ^^

Bruno Bello disse...

Rafa,

Posso dizer que não é só você que possui vícios.

"Ficar no “mode” automático"

Adoro!!!
=D

Bruno Bello disse...

Para pensar:

Nem sempre fazemos o que é melhor para nós, mas fazemos pelo impulso do sentimento, que às vezes se torna teimosia autodestrutiva.
Onde parar?