O Medo da Coragem

8 de janeiro de 2010

O medo não era uma de suas características. Não fazia parte da sua vida, mas aprendeu que nem sempre é possível bater de cara com o chão, às vezes pode machucar. Vivia da coragem que tanto prezava, mas esta não deixou de fazer parte do seu cotidiano. Tudo que desejava e conseguia, tinha que ser com muita luta e coragem. Já era ingrediente básico para todas as receitas da sua vida.
Descobriu que não tinha qualquer medo, apenas o medo da coragem. Aquele que impulsiona nossas legitimas vontades. Estas que escapam dos pesos, dos julgamentos, da censura e consequentemente de todos os outros medos. Como diria um velho conhecido nosso: "foi sem querer, querendo.". É nesse não querer que nos enganamos. Enquanto aquela vontade legitima estiver viva e pulsante dentro de nós, tudo poderá escapar uma hora ou outra. Não tem jeito, foge ao controle. Não há como encenar vinte e quatro horas por dia, pior, não há como encenar na frente de um espelho.
Ele se preocupava com sua imagem borrada, se preocupava mas não queria assumir. Não sabia como consertar as coisas e nem sabia se tinha conserto. Entendeu que nenhuma condição deve ser cumprida e que não existe receita pronta para a felicidade, tudo se constrói no momento das escolhas, no momento em que rabiscamos alguma coisa em um pedaço de papel, mesmo que este não esteja mais em branco. Entendeu que o ponto final não lhe cabe, porque sua vida ainda não chegou ao fim.

O Lapso

2 Reações:

Ioh. disse...

Buh,

o espelho é mesmo nosso pior crítico, e nosso amigo mais fiel, mais sincero.

gostei da delicadeza do texto, da verdade nele contida e gosto dessa sua força de assumir aquilo que traz no peito.

adoro você, e o bolo está uma delícia, e o boné é lindo, e a carta, e o imã... tenho o amigo mais fofo do universo todo!

=)

Bruno Bello disse...

Ainda me falta força para assumir algumas coisas...

Não exagere... apenas cumpro com a minha palavra.

bjuu