São Tulipas.

23 de agosto de 2013

Faz alguns anos que não me sentia assim, mesmo não criando expectativas não pude deixar de imaginar, e a minha imaginação consegue ir tão longe quanto qualquer expectativa que eu poderia criar. Um simples e longo suspiro de um tudo bom que poderia ser.
Tive suas mãos em minhas mãos, mas enquanto para você era só o carinho do toque usual, para mim era poder sentir você, mesmo que por um ou dois segundos, fiz deles o par de segundos mais demorados que já vivi só para lembrar daquele momento de ternura. Era você ao meu lado, sua presença inconfundível me deixava mais do que feliz naquele momento, me deixava completamente desconcertado, era um bobo qualquer que estava perdido frente a uma mulher decidida. Era o seu cheiro que aguçava a minha vontade, quase incontrolável, de te beijar, seus lábios mexiam numa delicadeza que só o toque deles nos meus seriam capazes de parar o tempo. Era o seu sorriso, encantador, era o seu humor, contagiante, sua forma de falar, sempre segura, sua maneira de tentar controlar a franja, maldita franja, que lhe fez, mesmo que sem querer, fazer com que eu me apaixonasse por você, foi tão rápido que não pude criar barreiras ou proteções, quando percebi já tinha sido tomado por inteiro. Por fim, era o seu olhar, meigo, aquele que já sabia o que se passava do outro lado, que me hipnotizava, era de uma beleza rara onde eu mergulhava sem palavras.
Mas as tulipas não eram vermelhas, elas eram amarelas desde o início, e eu já sabia disso, não foi por falta de aviso seu, não tenho para quem reclamar ou recorrer, só me resta pensar em você, naquele vestido branco, se despedindo de mim como se nunca mais fosse me ver novamente, e se naquele instante eu morri, foi só para poder sorrir ao escrever isso para ti e sonhar, quem sabe um dia os meus sonhos não se encontrem com os seus em qualquer esquina de coincidência.

"Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar"