Sem pretensão alguma foi tomando conta do espaço que lhe fora reservado. No início era pouco, um cantinho qualquer que mal cabia toda a sua presença e isso não lhe faltava, sabia que seu aspecto e sua existência independiam de olhares. Transbordou e foi se espalhando por outros cantos com todo o seu encanto. Seduziu-me com toda sua singularidade sem mostrar seus vícios. Suas manias, por exemplo, só a tornavam mais visível e mais presente. Era a felicidade pela felicidade que suprimia todos aqueles pensamentos, vontades e defeitos de uma pessoa egoísta e calculista.
Ao fechar os olhos, se permitia imaginar sem os pés no chão, para não correr o risco de tropeçar. Sem medo do risco, seguia em frente com sua força de uma formiga. Então, apesar das saudades, dos versos escritos e da insistência pelo prazer, sabia que o sorriso era a única coisa que lhe tornava menos maquina e mais humano.
De olhos abertos o que lhe restara era uma voz que lhe atingia o peito e lhe tornava objeto inanimado ansioso pelas mais belas canções que nunca haveriam de chegar. Tudo havia sido preenchido por tantas coisas... e foi assim que aconteceu, fato.
O Lapso