SUCESSO

30 de abril de 2009

Dizem que conselho só se dá a quem pede. E, se vocês me convidaram para paraninfo, estou tentado acreditar que tenho sua licença para dar alguns. Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja, aqui vão alguns, que julgo valiosos. Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo o coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência. Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha. Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar. E tudo que fica pronto na vida foi construído antes, na alma. A propósito disso, lembro-me de uma passagem extraordinária, que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse:

"Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo".
E ela responde:
"Eu também não, meu filho".

Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar e realizar, tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.

Meu segundo conselho: Pense no seu País. Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si. Afinal é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo. O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada. Os pobres vivem como bichos e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega a viver como Homem. Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico Paraguassu.

Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia:
"seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito"
É exatamente isso que está escrito na carta de Laudiceia:
É preferível o erro à omissão.O fracasso, ao tédio.O escândalo, ao vazio.
Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso.
Colabore com seu biógrafo. Faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido.
Tendo consciência de que, cada homem foi feito para fazer história. Que todo homem é um milagre e traz em si uma evolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e, caminhar sempre com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra.

Não use Rider, não dê férias a seus pés. Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: eu não disse, eu sabia!
Toda família tem um tio batalhador e bem de vida. E, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa.

Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam.
Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar.

O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses que trabalham de sol a sol construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta, enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho.

Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão.

E isso se chama sucesso.


Nizan Guanaes

(Achei interessante postar isso aqui. - O Lapso)

Por harmonia

23 de abril de 2009

Senti vontade de escrever. Rabisquei meia dúzia de palavras. Tentei conectá-las. Mendiguei por rimas como quem experimenta pela primeira vez entregar-se à poesia. Senti-me inapta, sem talento para o ofício de narrar. Arrisquei um punhado de versos. E aqui estão eles, significando um pouco a foto.

Quis uma história bela
Que não trajasse dor,
Que trouxesse as cores da aquarela
E a poesia que só há no amor.

Quis que houvesse ritmo,
Que a métrica dispensasse,
Que fosse o que há de mais íntimo:
Aquilo que qualquer um jamais pensasse.

Quis falar de mim,
Sem egoísmos de outrora.
Quis dizer-te “sim”
Antes de ter havido chegado nossa hora.

Quis dizer que estive silente.
Posto que és tu minha melhor inspiração.
Enquanto tu te fizeste ausente,
Ecoava em meus versos o vazio da escuridão.

Se aceito a ti com veemência,
Não é por falta de lembrança.
Trago, é claro, a dolorosa experiência
Mas não hei de ceder à insegurança.
E àqueles que apostam na demência,
Ofereço o sorriso largo de esperança.

Eis que cada verso teve único desejo
Confessar a ti minha sina:
Pouco importa tudo que solfejo,
Sou, Homem, tua menina.

Ioh

Meu Jardim

20 de abril de 2009

Composição: Vander Lee

Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores

Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho

Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim

A diferença que incomoda

19 de abril de 2009

Querendo ou não tem alguma coisa diferente e eu posso sentir isso a todo instante. Está me incomodando. O fato é que não gosto da situação e tenho ciúmes. Me faz inferior. Tenho medo do que posso pensar. Tenho medo de mim mesmo. Tenho medo do que pode vir de mim através do diferente e para o diferente. Não posso pensar nisso. Controle. Censura.
Será que a diferença esta em mim apenas e eu ainda não percebi? (pensando...) Não sei se isso é possível ou pelo menos me recuso a reconhecer até então. Espero que esteja.

Desejo o melhor.

O Lapso

Um desabafo pessoal

17 de abril de 2009

Não pretendo mentir nem jogar. Não pretendo escrever tudo e ao final esperar que algo se resolva. O máximo que pode acontecer é meu ponto de vista não ser compatível com o do(a) leitor(a). Até o final desse texto espero ter sido sincero comigo, porque é simplesmente o meu desabafo, o meu pessoal para quem quiser entender ou desentender de vez. Acredito que o passo ao reconhecimento já foi dado e não adianta mais fingir, seria minha pior regressão. Tento parecer forte, me fazer forte e acreditar sempre nisso para lutar. Sei que não adianta entrar numa luta se achando fraco, achando que tudo já está perdido mesmo lutando. Mas em algum momento ficamos fracos, provavelmente no final de cada luta perdida. Para mim, acredito que até as ganhas me enfraquecem a cabeça e o coração, porque não gosto de entrar em conflito, mas é tão necessário quanto o bater do coração. Para alguns é difícil acreditar nessas palavras que irei escrever, apenas digo que não pareço nada, absolutamente nada, com o que qualquer um tem como minha imagem e julga me conhecer. Sou muito mais do que um mero julgamento precipitado, muito mais que palavras ditas por mim e passo cada dia da minha vida tentando me conhecer melhor. Mas uma coisa eu devo contar, mesmo que seja julgado de forma errada e mesmo que seja entendido da forma errada, e na verdade é para isso que eu estou aqui, sentado, numa noite de sexta feira, pensando e relembrando alguns fatos vividos recentemente. Antes de qualquer coisa, preciso começar e fazer o mais difícil desse texto, assumir de uma vez para todos: Amei incondicionalmente, amor não correspondido, amor sonhado e não vivido. Fico feliz em assumir isso e o peso das minhas costas desapareceu ou pelo menos diminuiu, fico feliz em saber que não sou uma pedra e sou capaz de me fazer cheio, capaz de sonhar verdadeiramente, ao contrario do que muitas pessoas acreditam fazer. Não me importava com nada além do mundo que criei para mim e que tentei compartilhar com um mundo diferente e alheio, era doce sonhar e o meu maior vicio. Fui ignorado, diria até que desprezado, alguns diriam até que manipulado em um jogo que eu nunca quis jogar, mas conhecia a regra e mesmo assim ignorei porque não impunha condições a nada, passaram por cima de mim e eu simplesmente ignorei tal fato, e nenhuma palavra dita me convenceu do contrário. Os fatos são mais coloridos do que as palavras em preto e branco. Qualquer justificativa dada me parecia com mais uma "desculpa de pernas curtíssimas". Fui peça em um jogo ridículo. Mas e daí?! O mundo, no inicio, era meu e apenas meu. Isso para mim era fácil de entender. A minha felicidade era plena e era possível ver a lua através dos meus olhos, que reluziam no início. Dor, decepção e raiva ainda não se juntavam ao orgulho próprio. Aprendi que o mundo não era apenas meu, mesmo que em construção, e que poderia ser destruído. Foi o que aconteceu: o imprevisto por mim que tanto acreditei em algo concreto, que tanto sonhei. Diante da queda(diga-se rasteira), procurei me levantar e pensei que tinha encontrado uma solução para meus problemas sem solução: o tempo. Descobri que foi mais um erro banal acreditar no tempo. Descobri que meses viram pó ao vento. Queria apenas me sentir seguro uma vez e poder confiar em alguém. Tenho pena de quem não tem pulso para a vida, de quem enxerga pela metade e acredita mesmo estar vivendo quando apenas acha que sofre, acha que se machuca, enfim, acha que vive, acha que tudo é o contrário do que realmente é, acha que a monotonia é razão de viver, acha que o comodismo é forma sublime de vida. Fiz questão de ser sempre porto seguro e nunca encontrei o meu, meu coração sempre foi demais pra mim, porem não conseguia ser meu porto seguro. Dei-me outra chance porque queria acreditar mesmo não acreditando mais, mesmo estando tão inseguro. Sabia dos riscos e por isso segui em frente com mais um sonho. Fui mais condicional, mais medido e começou a surgir em mim princípio de medo (medo que não faz parte de mim). Novamente aconteceu o não tão imprevisto e muito mais previsto. Menos dor, menos decepção e mais raiva, dessa vez junto veio o orgulho. Aprendi que prever as coisas é melhor para o coração e pior para a cabeça. A cabeça é mais cruel que o coração e consegue sobreviver. De qualquer forma “menos” ainda não significa um “não”. A ferida apenas aumentou e se fez presente em todo corpo que já não tinha mais sangue. Permitindo que seja vista por mim (e por todos) sempre que tentava pensar de outra forma. Consegui um bloqueio, consegui parar de sonhar, consegui ser quem não sou, consegui ser aquilo que mais criticava e repudiava e só percebi isso quando me vi fazendo o pior, tarde demais. Me arrependi do que disse e das atitudes que tomei em estado irreconhecível. Nada mais sincero do que as desculpas, nada mais verdadeiro do que as palavras, nada mais angustiante do que o sentimento temporário de culpa, mesmo sabendo que no fundo era apenas uma gota de culpa diante de um oceano. Consegui ficar em paz comigo. De sentir novamente, apesar de estar tão indiferente. De voltar a ter meus tão prezados sonhos. Sonhei novamente. Isso bastou para uma faísca de felicidade. Me ofereceram algo que não foi suficiente para o que já vivi, me ofereceram o que eu já conhecia como o pior e nunca fico contente com o pouco se sei que posso ter mais. A minha tolerância já não é a mesma do inicio e isso é fácil de explicar, mas não me cabe fazer isso. Agora respiro fundo para chegar ao final do meu texto e provavelmente lê-lo mais umas 10 vezes no minimo. Não posso prever o futuro, mas não quero mais deixar de sonhar, deixar de agir com o coração e deixar de sentir. Quero ser eu e quero ter ao meu lado pessoas que realmente gostam de mim. É!! Tenho que admitir isso: Tudo valeu a pena e faria tudo novamente porque pesando tudo, eu vivi! Hoje, fazem de mim a indiferença que sou mas nunca quis ser. Apenas me fiz espelho e consigo refletir tudo. Me fiz tristeza para apenas um olhar dentre todos os que vejo. A criança que sou e que um dia pensei em não ser mais voltou com toda a força possível, porque crianças se dão bem. Só quero deitar na rede e esperar que alguém a balance, para que possa sentir o conforto de um carinho legitimo, quero oferecer meu carinho e esperar que seja recebido com vontade legitima. Quero um amor e nunca deixarei de amar. O coração é mais do que eu pensei. Ufa!! Cansei de pensar, fico por aqui.

"Amar significa sofrer, não amar significa morrer."


O Lapso