Cine Lapso #2: Mary & Max - Uma Amizade Diferente

22 de abril de 2014


 
Título original: Mary and Max
Nacionalidade: Austrália
Ano de lançamento: 2009
Diretor: Adam Elliot
Gênero: Animação/Drama
Avaliação: + + + +

!!ATENÇÃO!! - O texto abaixo pode conter SPOILERS

Mary Dinkle, uma menina de 8 anos sem muitos amigos, vive com seus pais em Melbourne na Austrália e Max Horovitz, um homem de 44 anos, obeso e portador da Síndrome de Asperger, mora sozinho em seu apartamento em Nova York. Um dia Mary se viu diante de uma pergunta: de onde vem os bebês? Para sanar sua curiosidade, resolve escrever uma carta a um destinatário aleatório. Max recebe a carta da garotinha e a responde. Nesse vai e vem de troca de correspondências, eles descobrem afinidades, problemas da vida de cada um e constroem uma amizade à distância sem nunca um ter encontrado pessoalmente o outro.

Durante 20 anos a narrativa se dá através de cartas e possui poucos diálogos. As cores do ambiente, marrom para as cenas de Mary, enquanto que preto e branco para as cenas de Max é um toque genial da arte do filme quando se quis passar um ar melancólico, sem falar das características estereotipadas dos personagens e a trilha sonora instrumental que também contribui. Definitivamente, apesar de ter sido feito com massa de modelar e ter aspecto de desenho, não é um filme indicado para crianças, muito pelo contrário, há cenas no filmes que particularmente não aconselho pelo peso depressivo delas.

A velocidade com que as coisas acontecem é lenta, porém necessária para causar o desconforto e a reflexão propostos por temas como morte, suicídio, solidão e, principalmente, amizade. Baseado em fatos reais, o filmes desperta para uma realidade bem próxima quando feito um paralelo com o filme "Her" de Spike Jonze.

Um filme que requer muita sensibilidade para vê-lo e perceber todas as suas nuances. Uma aula incrível de vivência. A trama foi muito bem bolada e não deixou pontas soltas. Conseguiu, ainda, mexer na ferida de uma sociedade que cada vez mais vive isolada, uma sociedade cada vez mais doente.
 
O Lapso

Cine Lapso #1: Os Filhos do Padre

16 de abril de 2014



Título original: Svecenikova Djeca
Nacionalidade: Croácia
Ano de lançamento: 2013
Diretor: Vinko Bresan
Gênero: Comédia dramática
Avaliação: + + + +

!!ATENÇÃO!! - O texto abaixo pode conter SPOILERS

O filme, que se passa numa charmosa e pacata vila da região da Dalmácia, trata de forma bastante sutil, porém intrigante, alguns dogmas da religião católica. Uma comédia dramática que usa muito bem do humor e da ironia para criticar temas principais como, por exemplo, sexo fora/antes do casamento, uso de métodos contraceptivos, relações familiares e fragilidades/contradições da igreja.

A história do jovem padre Fabijan, que diante da quantidade de óbitos do pequeno lugar, que supera a taxa de natalidade, resolve ajudar a reverter esse quadro. Após a confissão do seu futuro ajudante, o jornaleiro Petar, descobre que o motivo de tal situação é a venda de preservativos. Teve, então, a brilhante ideia de vender preservativos furados. Observando que não estava adiantando, procura o farmacêutico Marin, outro futuro ajudante do seu plano, e propõe a troca das pílulas anticoncepcionais por placebos.

A partir daí começam a surgir os problemas causados por essa loucura e os três tentam, de forma desastrada, resolvê-los, mas acabam causando, às vezes, uma cadeia de erros fatais. O filmes também deixa claro que a opção por ter um bebê envolve muito mais do que se pode imaginar.

"Os Filhos do Padre", adaptação de uma peça, consegue prender a atenção do espectador do começo ao fim com uma trama simples, trilha sonora suave, diálogos interessantes e fecha com chave de ouro com um final surpreendente e angustiante. Não é surpresa ser o segundo filme de maior bilheteria da Croácia, sendo o primeiro do mesmo diretor: "O Fantasma de Tito".

O Lapso