Doce Veneno

23 de novembro de 2009

Provoca arrepios,
do tipo que se adora,
viciante e irreal
verdadeiro apenas por causar dor.

Veneno controlado
não intoxica quando
Utilizado em doses homeopáticas,
É claro que, com certas advertências !

A dependência química
à substância será imediata, porém,acredite
Não adianta fugir
faz parte da vida experimentá-la

Esse veneno vem na forma de palavra
É também o mais forte que
Já tive a triste felicidade de conhecer.

É o mais antigo barbitúrico,
Já matou mais que qualquer doença
Virou crença e se banalizou.


São quatro letras
Um sentimento
Doce veneno
Experimente e você vai me entender.

OBS:Sugue todo o veneno de sua vida e depois expurgue.

Rafaela N Franco

Se Deus Existe

22 de novembro de 2009

Se Deus existe, ele está fazendo sua parte. Eu que nunca acreditei em nenhuma força divina, nem nessas coisas sobrenaturais. Tudo é apenas coincidência e para mim sempre será assim. É claro que pensamento positivo não faz mal a ninguém, muito pelo contrário, só faz bem. Não posso mentir e dizer que nunca desejei mal a alguém, mas chega uma hora que minhas sobrancelhas se contorcem numa expressão decifrável. Nem tudo são flores, se Deus existe, ele com certeza não é perfeito, assim como nós. A meu ver, nem tudo é coincidência, algumas coisas precisam de um pequeno empurrãozinho ou de uma ajuda. De um jeito ou de outro as coisas acabam tomando seu caminho, mas não seu destino. A palavra de Deus é lei. A palavra dos homens é lei. A palavra de um indivíduo é loucura. Loucos somos nós que acreditamos nas nossas próprias palavras e que construímos tantas teorias em cima disso. Existe um limite que eu chamo de "forçar a barra", espero não ter que chegar a esse (ridículo) ponto. Só consigo dar risada de mim e dos outros, o resto é resto.

O nosso destino é construir nosso próprio destino.

O Lapso

Inventando

Trata-se de inventar uma palavra.
Uma palavra que apague a realidade.
Uma palavra que transforme tudo em pura fantasia.
Perceba o quão egoísta é tudo isso.

Trata-se de inventar uma situação.
Uma situação que só existe na sua cabeça.
Uma situação que traz àquele conforto.
Perceba o quão falso é tudo isso.

Trata-se de inventar um futuro.
Um futuro que é imprevisível.
Um futuro que será o "bem".
Perceba o quão dissimulado é tudo isso.

Trata-se de mudar a história e não inventar as páginas em branco.
Do livro aberto, permito todos os rabiscos.
Só não permito que rasguem as páginas, não permito que apaguem o que já foi escrito, não permito a "fraude da invenção".

O Lapso

Alma Perdida

20 de novembro de 2009

Meus passos são leves, mas deixam pegadas. Curvas, voltas e retas tão (in) esperadas. Deito na cama, fecho os olhos e vejo todas as possibilidades de um sonho que, ainda, me seduz inteiramente. Doce veneno viciante e indomável. Será que os sonhos nascem para se tornarem meras possibilidades? Em meio a pensamentos incansáveis e involuntários, me perco. Ainda dentro de uma normalidade previsível. É como se eu tivesse que viver duas vidas. A vida que segue e a vida que para. Totalmente possível, mas cansativo/desgastante. A que segue anda a procura de um objetivo não tão distante, de um novo ser não tão diferente. A que para, para nos dias de tédio. Quem foi a pessoa infeliz que inventou os dias de tédio? É nesse momento que a alma se perde (ou se encontra para alguns). Boa parte de mim ainda é a mesma, mas alguma coisa mudou. Ainda não sei o que é, mas vou descobrir do meu jeito. O que não me falta é capacidade e crença.

O Lapso

"Fachada"

16 de novembro de 2009



Acho que mergulhei de vez

e quando esqueci de dar por mim

começei a sangrar por dentro e

eu não entendi mesmo quando tudo parou.

Porque não vejo calma ali em cima

nem mesmo a raiva que eu tentei fingir

e nem o sentido de que tanto precisei

cadê a vida que um dia enxerguei?

Aquela em que um dia eu tentei.

Aquela em que um dia eu me sufoquei.

Hoje não basta só me conformar

com a mesma dúvida e a mesma solução que já sei

nada mais me interessa do que foi dito e se escutou

e nada mais do que além do que já foi sentido e se apagou

eu sei que não vou esquecer assim,

eu sei que nunca vou esquecer assim,

eu sei que nunca vou esquecer, só não

me repita

do que isso se faz em vão.



*** créditos à Daniel Correia, autor do texto .

Rafa.

Carta

8 de novembro de 2009

Sophie,

Há algum tempo venho querendo lhe escrever e responder ao seu último email. Ao mesmo tempo, me parecia melhor conversar com você e dizer o que tenho a dizer de viva voz. Mas pelo menos será por escrito.
Como você pode ver, não tenho estado muito bem ultimamente. É como se não me reconhecesse na minha própria existência. Uma espécie de angústia terrível, contra a qual não posso fazer grande coisa, senão seguir adiante para tentar superá-la, como sempre fiz. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a "quarta". Eu mantive o meu compromisso: há meses deixei de ver as "outras", não achando obviamente um meio de vê-las, sem fazer de você uma delas.
Achei que isso bastasse; achei que amar você e o seu amor seriam suficientes para que a angústia que me faz sempre querer buscar outros horizontes e me impede de ser tranquilo e, sem dúvida, de ser simplesmente feliz e "generoso", se aquietasse com o seu contato e na certeza de que o amor que você tem por mim foi o mais benéfico para mim, o mais benéfico que jamais tive, você sabe disso. Achei que a escrita seria um remédio, que meu "desassossego" se dissolveria nela para encontrar você. Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições sequer de lhe explicar o estado em que me encontro. Então, esta semana, comecei a procurar "outras". E sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando.
Jamais menti para você e não é agora que vou começar.
Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta e compreensível; com isso, jamais poderia me tornar seu amigo.
Mas hoje, você pode avaliar a importância da minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante da sua vontade, pois deixar de ver você e de falar com você, de apreender o seu olhar sobre as coisas e os seres e a doçura com a qual você me trata são coisas das quais sentirei uma saudade infinita.
Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você da maneira que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá. Mas hoje, seria a pior das farsas manter uma situação que você sabe tão bem quanto eu ter se tornado irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.
Gostaria que as coisas tivesse tomado um rumo diferente.
Cuide de você.

X

PS.: Parafraseando o escritor.