Perdição

31 de dezembro de 2012



Não sei se me vejo em você ou percebo um pouco de você em mim, há uma confusão de identidades ou apenas uma confusão. De todo modo, consigo entender melhor o passado vivendo o presente.
Sinto na pele a pressão que um dia você sentiu, não tenho palavras para descrever a sensação que corrói meu ser, e como alhures já havia constatado, viver é difícil, mas não pouco difícil. Aprender a viver é tão difícil quanto ensinar o velhinho de barba mais branca que a neve, que sempre usou sua máquina datilográfica, a usar aquele computador cheio de novas funções e atalhos. Como saber se morango é morango sem nunca ter provado da fruta? Para ser mais claro, resta acreditar no desconhecido até conhecê-lo, dar-te um nome, e o nome dele todos sabem, mas nem todos conhecem. É fácil chamá-lo.
Eu me condeno, mesmo sendo caso à parte. Sou culpado, assumo. Assumo a minha culpa com toda minha coerência que usei um dia para condenar. Sinto-me desfigurado, desconcertado, aturdido ou qualquer outra palavra que possa definir minha perdição, desonra ou amoralidade.

O Lapso.

Quase Perdida

30 de outubro de 2012


Não pude crer:
Cê me ligou,
Quando eu já estava conformado!
Não vou mais entender você
Não quero mais lhe censurar.
Se for pra ter
Sem pagar a mais,
Deixa estar:
Isso já dá.
Seja em madri ou no algarve
Pra onde for,
Estarei do lado,
Viverei declamando:
Discórdia, nunca mais
Agora é só
Amor e paz.
Ninguém duvida
Que será tão bom
Do seu batom, sobreviver
E cair nos seus braços
Todo dia
Como os cristais
No amanhecer.
Quase perdida,
Numa noite em flor,
Você, de amor,
Me mataria
Sendo assim,
Não será demais
Se eu disser que a amarei
Por todas as vidas
Não puder crer
Cê me ligou,
Quando eu já estava conformado!
Não vou mais entender você
Não quero mais lhe censurar.
Se for pra ter
Sem pagar a mais,
Deixa estar:
Isso já dá.
Seja em madri ou murici
Pra onde for,
Estarei do lado,
Viverei declamando:
Discórdia, nunca mais
Agora é só
Amor e paz.

Djavan

Displicente.

31 de julho de 2012

É verdade que tenho andado meio displicente, mas também deixei de me expor demasiadamente. Tenho andado mais reservado, tentando manter os pés no chão. Chão que nunca me foi tão real como está sendo, cada pequeno passo que se mostra tão importante. Hoje, se escrevo aqui (e minha ausência não teve nenhuma justificativa ou explicação que não o escapismo - talvez 2 ou 3 textos foram deletados por isso), sei que preciso me ausentar por outros motivos. Preciso deixar de lado algumas vontades e planejar um futuro. Escrever, que sempre foi um hobby aqui, não se encaixa nesse planejamento, por hora.
É a responsabilidade me empurrando, mais uma vez, o seu gosto amargo, goela abaixo. 
Mais felizes aqueles que não conhecem o chão de uma realidade.

O Lapso

Distante.

8 de junho de 2012


Longe de ti, do amor que tão breve conheci
Me fez querer voltar, tentar não sofrer
não deixar minha flor do riso partir,
e  ter que meu pranto esconder.
Dizer que feito louco te amei,
que de saudade quase morri.
Talvez, ao menos te ver
Saber que está bem que ainda se lembra de mim.
De nossos carinhos sem fim
Seja com ternura ou tristeza.
Saber se recorda e sente alguma falta
da nossa antiga paixão.
Da cama que vivia acesa
sem espaço pra rancor ou frieza
mas que agora é só mais um retrato na mesa,
sombra apenas de toda a beleza
dos momentos felizes e das grandes certezas
desse amor que foi tão forte
 mas ruiu de qualquer sorte
em sua inteireza.
Por fim, só me pergunto
Se lhe tive por algum instante,
Se fostes minha, ainda que um só segundo...
Do teu destino que já esteve colado ao meu
que hoje  me é tão distante.

Sérgio Marchesini

Qui Nem Jiló

25 de abril de 2012

 

Luiz Gonzaga

Se a gente lembra só por lembrar
De um amor que a gente um dia perdeu
Saudade entonce assim é bom pro cabra se convencê
Que é feliz sem saber pois não sofreu

Porém se a gente vive a sonhar
Com alguém que se deseja rever
Saudade entonce assim é ruim eu tiro isso por mim
Que vivo doido a sofrer

Ai quem me dera voltar
Pros braços do meu xodó
Saudade assim faz doer e amarga que nem jiló
Mas ninguém pode dizer
que vivo triste a chorar
Saudade o meu remédio é cantar
Saudade o meu remédio é cantar "


São João chegando, não pode falar o velho, mestre, Luiz.

O Lapso.

Traumas

5 de abril de 2012

Olá! Pois é, quanto tempo... Já que estamos em semana santa, aqui vai um música bacana para a gente refletir sobre nossa família. Conheci essa música já faz um tempo pelo meu, até então, professor de ciências.

Meu pai um dia me falou
Pra que eu nunca mentisse
Mas ele também se esqueceu
De me dizer a verdade
Da realidade do mundo
Que eu ia saber
Dos traumas que a gente só sente
Depois de crescer
Falou dos anjos que eu conheci
No delírio da febre que ardia
No meu pequeno corpo que sofria
Sem nada entender
Minha mulher em certa noite
Ao ver meu sono estremecido
Falou que os pesadelos são
Algum problema adormecido
Durante o dia a gente tenta
Com sorrisos disfarçar
Alguma coisa que na alma
Conseguimos sufocar
Meu pai tentou encher de fantasia
E enfeitar as coisas que eu via
Mas aqueles anjos agora já se foram
Depois que eu cresci
Da minha infância agora tão distante
Aqueles anjos no tempo eu perdi
Meu pai sentia o que eu sinto agora
Depois que cresci
Agora eu sei o que meu pai
Queria me esconder
Às vezes as mentiras
Também ajudam a viver
Talvez um dia pro meu filho
Eu também tenha que mentir
Pra enfeitar os caminhos
Que ele um dia vai seguir

É Tempo.

30 de março de 2012


Peguei um livro qualquer para ler, era de um autor novo no mercado, folheei com delicadeza cada página, lendo algumas frases aleatoriamente, até chegar na última linha, então tive a falsa sensação de que tinha lido o livro por completo, e que já conhecia cada vírgula que ele tinha a me apresentar.
A verdade é que deixei o livro sobre a mesa e acreditei naquela falsa sensação, e sempre que olhava para ele lembrava das frases marcantes que foram lidas. Em resumo, era o melhor livro que eu já tinha lido até então.
Mal sabia que o livro tinha suas entrelinhas. Entrelinhas que traduziam o inacreditável. Mas o instinto estava inflamado, escolhi descobrir seus segredos, para só então chamá-lo de o melhor. Acontece que nem sempre a boa leitura durante as muitas páginas intrigantes do meio se traduz num belo final, ao contrário, o final é sempre das reviravoltas inescrupulosas e inacreditáveis.
É tempo de acreditar. É hora da verdade.

O lapso.

Jogo Sujo - Erasmo Carlos

13 de março de 2012


Com a dama escondida na manga
O mundo me chamou pra jogar
Vítima de tal esperteza
Pus a vida na mesa e resolvi jogar
Apostei no risco
Paguei e não vi
Morri na praia
E além de morrer, sofri
Mas se da vida nada se leva
Restava ainda um sonho pulsante
Chamei a dama do baralho
Fiz dela o meu atalho
E minha carta amante
Não quis nem saber
E a vida arrisquei
Pra mim o que importa
Foi a dama que eu ganhei
Todo jogo que se preza
De alegria ou de dor
Só vale se ele for honesto
Com o seu jogador
Se na selva o pássaro canta
Jamais vai ser porque ele voa
E sim porque se sente livre
Pro jogo do amor
Mas se ele perde
Pro seu predador
Feliz ele foi
Pelo menos enquanto jogou

Perder e Ganhar.

7 de março de 2012

Perdi as contas de quantas vezes peguei o celular e apenas olhei para ele esperando que tocasse e dissesse aquele nome que tanto me acostumei a dizer e ouvir. Das vezes que abri aquelas últimas mensagens, li e reli para achar alguma vírgula mal interpretada. Das vezes que parei por um momento e me vi pensando no que poderia estar fazendo naquele exato momento. Perdi as contas das vezes que imaginei o futuro daqui a uma semana. E no final das contas, eu apenas perdi mas nada mudou.
Espero um dia poder ganhar. Ganhar aquele sentimento saudosista e lembrar de um tudo bom. De ganhar o poder de esquecer de um tudo ruim. Enfim, de ganhar todo o resto que porventura tenha perdido.

O Lapso.

Stopmotion.


Foram usados 12 mil pedaços de papel.
Créditos: achei na net.

O Lapso.

Novela.

Tanta coisa ainda para ser dita e ao mesmo tempo tantos motivos para não se dizer mais nada. É como se tivesse um livro para escrever e ao final não fosse publicado pela sua falta de valor. É mais uma história escrita em meus pensamentos e que lá permanecerá intacta.
Por mais que desejem, ninguém está preparado para ouvir verdades, apenas meias verdades em tom de brincadeira. É por isso que as novelas fazem tanto sucesso, mexem com o imaginário das pessoas que estão sedentas por emoções artificiais. Mas não é isso que quero dizer, e se disse foi apenas para justificar qualquer título que poderia colocar nesse texto.
A única coisa que eu já esperava e pelos motivos que eu já esperava. Um espetáculo anunciado em uma crítica que não se deu ao trabalho de colocar "spoilers".

O Lapso.

Joga para cima.

5 de março de 2012

Se todos os planos não deram certo, se todos os caminhos foram interrompidos, se tudo se tratou de mero erro/acerto e as repercussões mexeram tanto nas feridas, que tal jogar tudo para cima e deixar de tomar decisões? Bem verdade que seria totalmente paradoxal, mas apenas uma decisão para colocar de vez os pontos onde eles deveriam estar.
Ah! Deixa rolar, deixa viver e ver no que dá. O que não dá é apenas olhar e ver se um dia vai dar.

O Lapso.

(Re)nasce!

3 de março de 2012

- Vai!
- Não consigo!
- Por que não?
- Tenho medo do mundo lá fora. Tenho receio de ser rejeitada, não me acharem bonita demais como todas as outras iguais e morrer de depressão numa eterna solidão.
- Foi isso que te contaram que iria acontecer?
- Sim.
- E o que mais te disseram?
- Só isso.
- Te disseram que lá fora brilha um lindo e amarelo sol? Que cada brisa tem um aroma diferente de cada campo florido? Te disseram que você pode ser livre ao ver um pequeno animal lhe sobrevoar com a magnitude da pedra mais valiosa que você já viu?
- Não, mas... vale a pena arriscar?
- Não sei. Eu nunca pude sentir nada disso, também só ouvi falar. Só você tem essa chance.
- (profundo silêncio)
- Vai!
- Me abraça então!

Assim a pequena e única gota fez da semente uma linda flor.

O Lapso.

Todo caminho leva ao mesmo lugar.

4 de fevereiro de 2012

Cada um tem seu jeito, suas maneiras e manias. Cada um e não um só. Eu que sempre preferi observar mais do que falar, cheguei a conclusão de que, ainda assim, falo demais. Mesmo que apenas em meus pensamentos, deixo transparecer nas mais sinceras expressões faciais, palavras que, na maioria das vezes, como são impublicáveis, escapam num lapso inconsequente, bastando apenas um pouco de atenção para perceber o quero, ou não, dizer.
Não espero o efeito das palavras, apesar de colocar efeito nelas, mas também não desejo que o efeito delas virem ao avesso de tal forma que eu possa me arrepender de qualquer coisa dita ou não dita. Quase sempre o rumo tomado, mesmo que o contrário seja desejado, leva ao mesmo fim, lutar contra é a mesma coisa que remar contra a corrente, permanecer inerte.
Talvez aceitar o fim, ao qual lutamos com braveza e perseverança através várias tentativas para escapar, seja a maior ajuda que nós podemos dar a cada um, que não é um só, mas que em dois tentaram ser. Então as palavras individualidade, cada vez mais explícita, e metamorfose, por enquanto indesejada, são as palavras da vez. Quando tudo não puder ser transcrito dos pensamentos, então não haverá mais nada a ser pronunciado.

O Lapso.

2012?

4 de janeiro de 2012

Que 2012 venha e não passe tão batido quanto 2011.
Que os erros sejam mais acertos e os acertos mais erros.
Então, que as conquistas venham naturalmente, e as perdas, mais ainda.


2012, ai se eu te pego!


O Lapso.