Caetaneando

28 de fevereiro de 2013

Já dizia Caê: "Cada um sabe a dor / e a delícia / de ser o que é...". Mal sabia ele, ao compor sua música "Dom de Iludir", que essa frase ecoaria repetidamente pelo imaginário de milhares de pessoas, até virar frase de facebook e ser "curtida" como se soubéssemos, à primeira vista em qualquer espelho, quem somos.
Tantos que se rotulam e não sentem dor, ao contrário, se deliciam pelo que não são. E nunca serão. É um tanto quanto paradoxal, já que a ideia é se deliciar pelo que somos e de fato é possível se deliciar com um erro, voltando a parafrasear Caê: "Você diz a verdade / e a verdade é seu dom / de iludir".
Somos um emaranhado de pensamentos que mudam constantemente. Somos uma bagunça, organizada naquele momento preciso. Vivermos de rótulos e julgamentos é como isolar-se. Todos, sem exceção, serão crucificados em algum momento, não somos passos certos e firmes o tempo inteiro. Sem perceber vamos errando e errando, mas sabemos do nosso erro e da dor de errar. Não da delicia de errar iludindo-se. Cada um sabe a dor e a delícia de não ser o que quer...

O Lapso.